Acontecimentos que movimentaram o mercado financeiro | Fevereiro de 2022
04 de março de 2022
04 de março de 2022
Como essa coluna é mensal, vamos construindo-a durante o mês, anotando os acontecimentos mais importantes e o que iremos falar sobre eles. Nesse mês de fevereiro, tudo ia dentro do protocolo, até que aos 48 minutos do segundo tempo, na madrugada do dia 24 de fevereiro, a Rússia inicia a invasão da Ucrânia e todo nosso planejamento foi modificado, pois nenhum outro assunto merece tamanha importância quanto esse conflito e suas possÃveis repercussões.
A invasão ocorreu dois dias antes do fim de semana do carnaval, onde os mercados financeiros iriam permanecer fechados por quatro dias seguidos. Não restava dúvida que a melhor escolha era esperar o desenrolar dos primeiros acontecimentos da guerra para tentarmos traduzir aqui a fotografia que temos até o momento do fechamento da coluna no dia 02 de março.
Porém, antes de olharmos com calma para o conflito, os números de fechamento dos mercados de fevereiro foram os seguintes: o Ibovespa, principal Ãndice da bolsa brasileira, fechou o mês com ganho de 0,89% e 7,94% no acumulado do ano. O Dólar, que chegou a bater abaixo de R$ 5,00 no dia 23 e por conta da guerra fechou o mês pouco acima de R$ 5,15 – em baixa de 2,82% e concretizando o quarto mês seguido de queda.
Muito desse resultado positivo para a Bolsa e para o Real deve-se ao grande fluxo de capital estrangeiro que entra no Brasil – fruto da enorme volatilidade nos mercados desenvolvidos antes mesmo da invasão russa, tendo essa volatilidade sido causada por diversos fatores dentre eles:
Com isso, o S&P500, principal Ãndice da bolsa de NY, fechou fevereiro com queda de 3,14% – acumulando queda de 8,23% até o momento; e a o Euro Stoxx, principal Ãndice Europeu, fechando com queda de 6,00% e acumulado de queda de 8,71% no ano.
Esse é o principal assunto do momento, então merece uma atenção especial. Não iremos entrar aqui em questões polÃticas e morais ou sobre possibilidades de que o conflito tome proporções globais. Iremos apenas focar nos fatos que importam do ponto de vista econômico-financeiro. Deixamos a análise geopolÃtica para os especialistas no assunto.
Vamos aos pontos que vemos como mais relevantes que podem causar alguma consequência direta para nós brasileiros:
Ambos os paÃses possuem grande participação na produção mundial de alimentos, sendo a Rússia a maior exportadora de trigo, além de um dos maiores fornecedores de fertilizantes do mundo e a Ucrânia também com relevante participação na exportação de trigo e milho. Além da produção de alimentos, a Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo, responsável por 40% do gás natural consumido na Europa. Naturalmente, os preços de commodities estão sendo diretamente influenciados pelo conflito, com o petróleo atingindo patamares acima de 100 dólares por barril – o que aumenta consideravelmente as pressões inflacionárias ao redor do mundo.
Sanções contra a Rússia: como uma forma de pressionar a Rússia a retroceder e ao cessar fogo, mas sem envolvimento militar direto – o que poderia desencadear uma nova guerra mundial -, Estados Unidos e Europa impuseram diversas sanções comerciais e econômicas e mesmo que o presidente Putin tenha se preparado para o conflito, as sanções já começaram a causar transtornos para a população. O Rublo Russo desvalorizou cerca de 20% em relação ao dólar no dia 28 e o Banco Central subiu as taxas de juros de 9,5% para 20%.
Impactos no Brasil: por aqui devemos sentir a continuidade das pressões inflacionárias por conta da alta das commodities e preços dos alimentos – o que deve estender o ciclo de aumento dos juros por mais tempo. Porém, como a economia brasileira é bastante concentrada na exportação de commodities, as empresas tendem a lucrar bastante e, aliada à s altas taxas de juros, atrair grandes volumes de capital estrangeiro.
Criptomoedas: pelas caracterÃsticas descentralizadas e sem o controle dos bancos centrais mundiais, as criptomoedas têm se mostrado a alternativa encontrada pela Rússia para a continuidade das transações globais – o que ocasionou grande altas das moedas e só a bitcoin apresentou ganho de mais de 16% nos primeiros cinco dias de conflito.
Em momentos como o que estamos vivendo, com muitas forças envolvidas e infinitas possibilidades, o melhor a se fazer costuma ser: sentar-se, analisar e esperar o pior da tempestade passar. Qualquer movimento brusco agora pode ser premeditado e acarretar em perdas significativas.
Porém, com grandes crises costumam surgir excelentes oportunidades – como em tÃtulos de renda fixa, proteção de inflação e até oportunidades pontuais em renda variável. Vale a pena uma conversa com seu Assessor de Investimentos.
Fora tudo aquilo que já falamos acima, segue alguns acontecimentos relevantes de fevereiro de 2022:
O fluxo de dinheiro estrangeiro continua sendo um importante fator para o mercado local, ajudando o Ibovespa a ter ganhos apesar de toda a instabilidade e jogando o dólar para baixo – o que tende a ser uma boa notÃcia para auxiliar o Banco Central no controle da inflação.
O Custo do Frete internacional continua nas alturas, estando hoje 5 vezes mais caro do que antes da pandemia. O valor de frete de um container da Asia para o Brasil atingiu mais de US$ 11.000,00, por exemplo. Esse problema foi causado principalmente por conta das restrições do combate ao CoronavÃrus no inÃcio da pandemia, causando uma paralisação no comércio internacional e trazendo um descompasso entre oferta e demanda com a retomada das economias por influência de maiores compras por e-commerce em detrimento dos serviços.
O Setor de Serviços fechou o ano de 2021 com a maior alta anual da série histórica e conseguiu se recuperar do tombo causado pela pandemia.
De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), a economia brasileira criou 2,7 milhões de vagas de emprego com carteira assinada em 2021, porém o valor do salário médio apresentou retração.
O Comitê de PolÃtica Monetária (COPOM) elevou mais uma vez a taxa SELIC para 10,75% ao ano, maior patamar desde maior de 2017. Com isso, o BC espera conseguir reduzir a inflação em 2022 e já prevê diminuição no ritmo de altas das taxas. Especialistas preveem que a taxa atinja o pico de 12% até o meio do ano.
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