Minuto Mercado Financeiro

Acontecimentos que movimentaram o mercado financeiro

06 de maio de 2022



A coluna Minuto Mercado Financeiro é assinada por nossos sócios e assessores Heric Girardello e Ana Paulin.
Os conteúdos ora submetidos na coluna Minuto Mercado Financeiro são de responsabilidade dos seus autores.

O Mercado dá, o Mercado toma

Depois de começarmos o ano com os investidores brasileiros tendo seu melhor trimestre em 2 anos, abril voltou a lembrar que o ano de 2022 não será para os fracos de coração, pelo menos no que tange bolsa de valores. O nosso querido índice Ibovespa fechou abril com queda de 10%, reduzindo drasticamente os ganhos anuais para 2,91%. Para lembrar os tempos de escola, em CNTP (Condições Normais de Temperatura e Pressão) o comportamento do Ibovespa e do Dólar são opostos, e até o momento essa máxima vem se mostrando verdadeira, tendo o dólar subido 3,81% no mês de Abril, mas ainda assim acumulando queda de mais de 13% no ano, e marcando assim o primeiro mês de 2022 em que houve saída de capital estrangeiro.

E agora? Corro para as colinas?

Que bom que o universo dos investimentos é muito mais amplo do que a volatilidade de bolsa, e o investidor brasileiro pode novamente correr para a segurança da Renda Fixa, que está numa janela de oportunidade ímpar, pois as incertezas tanto internas (eleições, risco fiscal, recuperação da economia real, inflação), quanto externas (inflação global, guerra na ucrânia, covid na China, economia americana) estão mantendo os juros nas alturas e com isso, as possibilidades de travar ganhos muito relevantes, por um longo horizonte de tempo. Voltamos inclusive ao cenário do famoso “1% ao mês”, mesmo em investimentos de alta liquidez. E olhando para esse cenário da renda fixa, o Comitê de Política Monetária (COPOM) do BC divulgou no dia 04/05 uma nova elevação da SELIC para 12,75% ao ano e indicando que o ciclo de alta dos juros deve parar na próxima reunião com uma última elevação de 0,5%. Porém, essa situação depende de que não aconteçam novas surpresas com a inflação.

E no Exterior?

                Lá fora a volatilidade continua nas alturas com os dois principais índices do mercado americano S&P500 e Nasdaq, fechando abril com perdas acumuladas de 13% e 21% respectivamente.

Obviamente, são diversos vetores por trás dessas oscilações negativas dos mercados, mas o 3 principais que podemos destacar são:

  • Como se dará o movimento de alta dos juros americanos: Se o FED subir os juros de forma intensa e rápida, o mercado financeiro global sofrerá impactos importantes, principalmente em bolsas de valores, mais forte ainda em mercados emergentes (Brasil, inclusive). A questão é que o movimento de alta de juros americanos a e diminuição dos estímulos começou muito tarde. Como já dissemos aqui, parece que erraram na dosagem do remédio. O volume de dinheiro injetado na economia foi prejudicial para a economia real e recolher esse excesso está acontecendo tardiamente.
  • Inflação no Mundo: como a inflação tem sido muito relevante e se mostrando persistente ao redor do mundo, os bancos centrais ao redor do globo estão sendo obrigados a subir os juros das suas economias para combater esse movimento dos preços. Na maior economia do mundo, a dos Estados Unidos, ocorreu dia 04/05 alta de 0,5% nos juros, em linha com o esperado pelo mercado.
  • Covid na China: por conta da “política dinâmica de covid zero” do governo chinês, mesmo com 90% da população chinesa vacinada, a cidade de Xangai, com “apenas” 26 milhões de habitantes foi colocada em lockdown completo, o que está trazendo grandes impactos nas produções das fabricas, filas intermináveis de navios esperando nos portos e deve trazer mais um componente para ajudar a elevar a inflação mundial, pois muitas cadeias de suprimentos estão sendo comprometidas e como já vimos nos efeitos da parada mundial em março de 2020, trazem problemas que levarão vários meses para serem normalizados e causando estrago em vários mercados.
  • Guerra na Ucrânia: com a guerra se estendendo por mais de 2 meses e ainda sem nenhuma previsão de quando e como vai se encerrar, já podemos começar a sentir efeitos por aqui, como, falta de matéria prima para produção de remédios, os preços das commodities nas alturas, entre outros efeitos. O mundo ocidental tem se unido contra a Russia, apoiando a Ucrânia com armas e munições, suprimentos, ajudando com a crise dos refugiados da guerra, e utilizando-se de múltiplas sanções econômicas e comerciais. A União Europeia propõe de forma coordenada, proibir toda importação de petróleo russo até o final desse ano. Voltamos para a mesa de negociações a fim de um acordo.  Mas para evitar uma escalada do conflito que poderia resultar em algo muito maior e mais perigoso para o planeta inteiro, os países não tem se envolvido militarmente.

E no Brasil?

Voltamos a ser o paraíso da renda fixa, frente ao grande desafio de tentar controlar a inflação. Juro alto é extremamente prejudicial para a economia em geral, é uma trava para o crescimento de qualquer país. A questão principal é que o estrago causado pela inflação é profundamente mais prejudicial para a economia, em especial na camada mais pobre, pois diminui o poder de compra, portanto a elevação dos juros é o “menos pior”, sendo o remédio amargo para eliminar a doença.

Atentos aos nossos indicadores, o FMI revisou pra cima nosso crescimento em 2022 para 0,8%, lembrando que no início do ano a previsão era de zero crescimento. Alta nas vendas do varejo (economia real), alta no preço de nossas commodities exportadas, liberação do FGTS, mais dinheiro em circulação e diminuição crescente do desemprego foram alguns dos itens avaliados para a melhora de perspectiva.

As privatizações seguem a passos lentos e com muitos empecilhos, TCU (tribunal e contas da união) pede mais 60 dias para a segunda etapa da privatização da Eletrobras, inviabilizando a conclusão do processo em 2022.

Novo presidente da Petrobras, Eng. José Mauro Colho assumiu seu cargo em abril, dizendo que “A prática de preços de mercado é condição necessária para a criação de um ambiente de negócios competitivo, para a atração de investimentos e de novos agentes econômicos no setor, expansão da infraestrutura do País e a garantia do abastecimento”.             

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