Investimentos e Estratégia – 02: Montando sua carteira
05 de outubro de 2022
05 de outubro de 2022
“Se você almeja ser rico, pense em poupar
assim como você pensa em ganhar (dinheiro)”Benjamin Franklin
Dando continuidade ao texto do mês passada em que falamos sobre o inicio de uma estratégia de investimentos (você pode ler o texto aqui).
Considerando que você tenha sua reserva de emergência garantida e seu objetivo financeiro definido, e com isso conseguiu identificar quanto consegue investir por mês e quanto precisa acumular para garantir sua independência financeira, está na hora de pensar quais serão os ativos em que irá investir. Mas antes precisamos identificar seu perfil de investidor antes de qualquer coisa, e sobre isso também já escrevemos (você pode ler o texto aqui).
Passo 3 – Horizonte de investimento
Estamos aqui falando de independência financeira e aposentadoria, mas sabemos que durante esse percurso existirão milhares de variáveis e imprevistos. Por isso, sempre devemos fazer uma diversificação nos investimentos pensando em estratégias de curto, médio e longo prazos. Gostamos muito de uma analogia de que o mercado financeiro é como um sofá de dois lugares mas com três pessoas para se sentar, ou seja, alguém vai ficar em pé. As três pessoas em questão são:
Liquidez, ou qual o tempo para transformar o ativo em dinheiro;
Rentabilidade potencial;
Grau de conforto, ou quanto o saldo pode balançar para cima ou para baixo;
Então qualquer escolha de investimento a ser feita deve levar em conta essa regrinha do sofá, como por exemplo: Poupança é um investimento com alta liquidez, podendo ser resgatado a qualquer momento e com alto grau de conforto, pois o valor sempre vai crescer, porém renuncia-se a rentabilidade. Por outro lado, ações possuem grande potencial de rentabilidade e liquidez rápida de 2 dias, em contrapartida com baixíssimo conforto, podendo oscilar bastante tanto para cima quanto para baixo. Para facilitar o entendimento, fizemos o quadro resumo com as principais classes de investimentos e objetivos.
Passo 4 – Cenário
Ao montar sua carteira de investimentos é muito importante entender o cenário em que estamos vivendo e de que formas ele pode evoluir no futuro. Hoje passamos por um momento de alta de juros generalizada no mundo, principalmente por causa da pressão inflacionária. Para exemplo prático, vamos explorar um pouco a atualidade.
O cenário global mostra-se bastante desafiador e nada animador para o mercado financeiro. As ações dos governos de países desenvolvidos para conter a inflação não se mostraram eficientes até agora. O COMO farão daqui em diante continuará impactando o mercado financeiro global. Juntamente a isso nos deparamos com crise energética, conflitos geopolíticos e países cada vez mais endividados.
Conceitualmente os juros sobem, também, no intuito de retirar dinheiro do mercado > o crédito fica mais caro (tanto para pessoas quanto para empresas) > diminui o consumo (demanda), assim como a produção das empresas e os investimentos que essas mesmas empresas fazem > o país produz menos e se desenvolve menos. Se esse período de juros altos se estender por muito tempo, constrói-se uma CRISE ECONÔMICA. O que é péssimo pra economia real e para o nosso dia a dia.
Falando do cenário brasileiro, e na contramão do cenário externo, a leitura do nosso banco central é de que podemos estar próximos do momento em que os juros comecem a convergir para valores mais baixos e saudáveis para nossa economia. Dentro dessa ótica estamos diante de boas oportunidades em renda fixa de médio e longo prazo, onde podemos acessar taxas interessantes. Fundos de investimentos que conseguem capturar esse momento com inúmeras operações, “empacotadas” é também um veículo para facilitar a vida do investidor.
Dentro desse desenho de cenário, de melhora e desenvolvimento econômico, as empresas são favorecidas em seu crescimento, o mercado de renda variável volta a ser atraente, pois passaria a ter maior previsibilidade do resultado futuro das empresas listadas em bolsa. Mas nada disso seria suficientemente positivo para voos mais altos do nosso mercado se o cenário global estiver na contramão. Importando menos do Brasil, e nós com dificuldade de adquirir produtos, serviços e tecnologias externas. Tudo está interligado e pode mudar rapidamente. É importante deixar claro que o mercado não se comporta de forma linear.
E como montar uma estratégia diante de tantas variáveis?
Através de uma carteira eficientemente diversificada. Com investimentos de todos os tipos da tabela exposta acima. O que mudará de acordo com o cenário é a proporção de cada tipo de investimento e não a estratégia traçada de acordo com os seus objetivos, que considera suas necessidades ao longo do tempo.
Ok! E o que temos de levar em conta quando estudamos cenário?
Para as aplicações de longo prazo (mais de 8 anos), o cenário de curto prazo não influencia de forma significativa, proporcionam melhores momentos de entrada ou realocação de recursos na carteira, mas não servem como balizadores principais das escolhas.
Agora para os investimentos de liquidez, e os que possuem um horizonte de investimento mais curto, de 2 ou 3 anos o cenário atual deve ser levado em conta. Por exemplo, com taxa SELIC de 13,75% ao ano, podemos fazer escolhas bem conservadoras e ainda assim obter excelente rentabilidade. Entretanto, de acordo com todos os indicadores atuais, existe grande probabilidade de que essa taxa comece a ser reduzida em meados de 2023 e travar investimentos diretamente atrelados à Selic passaria a não ser tão interessante para o longo prazo.
Em suma, gostamos de dizer que o portfólio de investimentos é um organismo vivo e assim como o mundo em que vivemos, está em constante mudança, é muito saudável que periodicamente seja feito um diagnóstico para identificar possíveis pontos fracos e identificar os ajustes necessários de acordo com seus objetivos.
Próximos passos
Para a sequência dessa série iremos falar sobre proteção e sucessão de patrimônio, pois de nada adianta montar a melhor estratégia de investimentos do mundo se o patrimônio não estiver protegido e preparado para as próximas gerações.
Abaixo quadro de indicadores do mês de setembro de 2022.
Set-22 | 2022 | 12 meses | 5 anos | |
SELIC | 13,75% | |||
CDI | 1,07% | 8,85% | 10,87% | 34,24% |
IPCA | 0,33% | 4,71% | 7,77% | 31,91% |
Ibovespa | 0,47% | 4,97% | -2,54% | 47,81% |
Dólar | 4,39% | -8,53% | 0,29% | 72,12% |
S&P 500 | -9,65% | -25,24% | -20,76% | 44,78% |
Nasdaq | -10,26% | -33,20% | -30,92% | 64,33% |
Euro Stoxx 50 | -4,01% | -23,40% | -21,50% | -3,65% |
China (SSEC) | -5,04% | -16,73% | -15,21% | -10,18% |
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