Minuto Mercado Financeiro

Acontecimentos que movimentaram o mercado financeiro

02 de fevereiro de 2022

O ano de 2022 começou bem agitado no mercado financeiro mundial, tendo como principais fatos a explosão de casos de COVID-19 no mundo inteiro por conta da variante Ômicron, a perspectiva de alta de juros do FED (Banco Central dos Estados Unidos) e o potencial conflito armado entre Rússia e Ucrânia. Já no noticiário doméstico, a situação continua seguindo a mesma linha do que vinha ocorrendo em 2021: crise fiscal, reajuste do funcionalismo, aumento dos juros, quebra do teto de gastos, eleições, inflação nas alturas e para coroar tudo isso, número recorde de casos de COVID-19.

Apesar de todos esses fatores terem trazido volatilidade para os mercados, a Bolsa Brasileira, por ter caído muito em 2021, estar muito barata e também por sua grande concentração em commodities, tornou-se muito atraente para os estrangeiros que aportaram cerca de 28 bilhões de reais – o que ajudou a derrubar o dólar para a casa dos USD 5,30 e o índice IBOVESPA fechar o mês em alta de 7%. Enquanto isso, as bolsas americanas tiveram resultados ruins com o S&P 500, fechando Janeiro com queda de 5,3% e o índice de tecnologia Nasdaq fechando em queda de 9%.

Bolsas em 2021
O ano de 2021 foi um ano muito complexo para a vida do brasileiro: inúmeras mortes por COVID-19, economia patinando para conseguir se recuperar, inflação alta, muitas notícias na política, dentre outras coisas que fizeram o principal índice da bolsa brasileira terminar o ano com queda de 12% – enquanto os juros da SELIC subiram de 2% para 9,25%.

Já o S&P 500 – principal índice da Bolsa de NY -, conseguiu o notável feito de atingir máximas históricas 70 vezes no decorrer do ano, fechando o período com ganho de respeitáveis 26,9%. Os outros índices também tiveram bons resultados, com o Dow Jones ganhando 18,7% e o índice de tecnologia Nasdaq subindo 21,4%. Esses ganhos foram, em grande parte, puxados pela forte recuperação econômica dos Estados Unidos, resultando em expressivos lucros das empresas e também pela continuidade do programa de injeção de dinheiro na economia pelo FED. Esse excesso de liquidez, aliado a juros perto de zero, estimularam os investidores a investirem na bolsa em busca de melhores resultados.

Confira um resumo dos principais acontecimentos do mercado no mês de Janeiro de 2022

  • Apple se torna a primeira empresa de capital aberto a valer mais de US$ 3 trilhões, tendo sido também a primeira a valer mais de US$ 1Trilhão em 2018 e também a primeira a atingir UD$ 2 Tri em 2020. Só para ter uma ideia do valor, isto equivale a 4,5 vezes a soma de todas as empresas listadas na B3 e o PIB brasileiro é de aproximadamente US$ 1,4 Trilhão.
  • O início do ano nas empresas foi duramente afetado pela explosão de casos de COVID, com milhares de pessoas afastadas por motivos de quarentena. Empresas que estavam e que podem trabalhar em home office não sofreram tanto quanto às empresas que dependem de trabalho presencial – como as companhias áreas que tiveram diversos voos cancelados pelo afastamento de suas tripulações.
  • Mercado de trabalho americano está perto do considerado “Pleno emprego” com a taxa de desemprego fechando 2021 em 3,9% – mostrando enorme capacidade de recuperação da economia americana após atingir o pico de 14,8% de desemprego em abril de 2020 e quase voltando a taxa de 3,5% de desemprego de antes da pandemia. Esses números são reflexo do modelo da legislação trabalhista americana, que ao mesmo tempo que facilita a demissão em massa, tem a recontratação com igual rapidez.
  • O IPCA, principal índice de inflação brasileiro fechou 2021 em 10,06% – o maior valor desde 2015, época do governo Dilma. A gasolina e a energia elétrica foram as principais vilãs dessa alta.
    Para 2022, projeta-se inflação de cerca de 5%, o que ainda estaria acima da meta do Banco Central (3,5%).
  • A Inflação nos Estados Unidos fechou 2021 no maior valor desde 1982, em 7%. Com isso, estima-se que o FED (Banco Central Americano) deve começar em março um ciclo de alta dos juros e redução dos estímulos monetários em vigência desde o início da pandemia.
  • Pela primeira vez na história, e antes do que era previsto, as vendas no comércio eletrônico superaram as vendas nos shopping centers. A pandemia foi um dos principais fatores para esse fato, permitindo um crescimento muito relevante nas compras online.
  • O Investimento Estrangeiro Direto (IED) mais do que dobrou em 2021, saltando para US$ 58 Bilhões e tornando o Brasil o sétimo destino dos investimentos no mundo – atrás de Estados Unidos, China, Hong Kong, Cingapura, Reino Unido e Canadá. Esse é o tipo de investimento mais interessante para o Brasil, pois é aquele feito em ampliações de capacidade instalada e novas fábricas, por exemplo.
  • O Brasil foi formalmente convidado a integrar a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). É um processo longo e que depende de várias etapas, mas representa um grande passo para o reconhecimento internacional do país como economia desenvolvida e robusta – o que tem potencial de atrair ainda mais investimentos.
  • O preço do petróleo continua subindo e já está no maior valor desde 2014. Diversos fatores são responsáveis pela alta, dentre eles o aumento da demanda pela recuperação econômica, o inverno no hemisfério norte, o controle da oferta pelos produtores e os conflitos geopolíticos em andamento.
  • Conflito Rússia/Ucrânia tem grande potencial de impacto econômico – principalmente no preço do petróleo, sendo a Rússia um dos maiores produtores mundiais – além dos impactos geopolíticos que um conflito armado traz para a civilização.


A coluna Minuto Mercado Financeiro é assinada por nossos sócios e assessores Heric Girardello e Ana Paulin.
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